[Ruy Belo] é um daqueles poetas em que é mais
evidente a completa coincidência entre o exercício da poesia e os gestos do
quotidiano, reveladores de que a sua atenção ao mundo de cada dia está sempre
dirigida para um objetivo central e maior: a criação de uma obra que saiba ler
a realidade para lá das suas aparências, mesmo que sejam estas a substância
primária da poesia.
Gastão Cruz
[Os poemas de Ruy Belo] são quase sempre
longos, derramados, deambulatórios, num verso livre que se reabsorve em subtis
processos aliterativos e em jogos fónicos calculadamente disseminados. E a sua
poesia vive de um discurso que se infinitiza na coloquialidade de uma
enunciação oscilando entre a confidência, a longa carta para um incessante
adeus, o passeio fraternal, a invocação sagrada, o desespero que se perde na
profusão alucinada de palavras, o extenso murmúrio da insónia.
Eduardo Prado Coelho
[fotografia: arquivo Teresa Belo]
[fotografia: arquivo Teresa Belo]