sábado, 8 de fevereiro de 2014

tema: a poesia e a cidade

























[Ruy Belo] é um daqueles poetas em que é mais evidente a completa coincidência entre o exercício da poesia e os gestos do quotidiano, reveladores de que a sua atenção ao mundo de cada dia está sempre dirigida para um objetivo central e maior: a criação de uma obra que saiba ler a realidade para lá das suas aparências, mesmo que sejam estas a substância primária da poesia.   
Gastão Cruz

[Os poemas de Ruy Belo] são quase sempre longos, derramados, deambulatórios, num verso livre que se reabsorve em subtis processos aliterativos e em jogos fónicos calculadamente disseminados. E a sua poesia vive de um discurso que se infinitiza na coloquialidade de uma enunciação oscilando entre a confidência, a longa carta para um incessante adeus, o passeio fraternal, a invocação sagrada, o desespero que se perde na profusão alucinada de palavras, o extenso murmúrio da insónia. 
Eduardo Prado Coelho

[fotografia: arquivo Teresa Belo]

subtema: o feminino



























[...] Raios a partam e depois de todos estes digressivos versos
essa mulher na mesma ali sentada e assentada
sozinha à minha espera à espera de um sentido para a vida
à espera de um marido à espera do Natal.               
Ruy Belo


Tendo a mulher um papel central da história de Ruy Belo, sendo mesmo a razão da sua ligação a Vila do Conde, propõe-se nesta edição da Queima do Judas uma reflexão sobre a mulher no séc. XXI: a articulação dos papéis da maternidade e da vida/carreira profissional, numa sociedade onde os géneros cada vez mais se equivalem em direitos e liberdades, e onde também o conceito de família está a mudar, perante uma taxa natalidade cada vez menor, um processo de procriação cada vez mais adiado, uma perspectiva de individualidade muito vincada e um contexto político, económico e social em transformação.


[imagem: Pormenor do quadro de Sandro Botticelli, Nascimento de Venus]

data e local



data >> sábado, 19 de abril de 2014, 22h30

local >> jardins da avenida Júlio Graça

[fotografia: postal antigo do Jardim Júlio Graça]

ruy belo [1933-1978]















Este ano, o poeta Ruy Belo (1933-1978) é a fonte inspiração da história central da Queima do Judas. A passagem de Ruy Belo pela cidade prende-se com a existência de uma mulher vila-condense, por quem se apaixonou e com quem viveu até aos seus últimos dias. Foi, por isso, Teresa Belo que trouxe o poeta para Vila do Conde, onde passou alguns Verões de inspiração e sossego. Esta condicionante do percurso de Ruy Belo, o feminino, sobre o qual o poeta também escreve, abre o caminho para uma outra reflexão, que se propõe como tema secundário na edição de 2014 da Queima do Judas: o papel da mulher do século XXI.

[fotografia: arquivo Teresa Belo]

queima do judas 2014: 10 edições!

Celebra-se, em 2014, a 10ª edição da Queima do Judas em Vila do Conde, evento cada vez mais caraterizado pelo cruzamento da tradição com a contemporaneidade e a comunidade de Vila do Conde.
A Queima do Judas está assente na criação artística, na investigação, na formação e na experimentação (dramatúrgica, coreográfica, musical, visual e cenográfica), no sentido de apresentar ao público um conjunto de atividades que passam pela intervenção urbana, formação, conferências e um espetáculo comunitário de teatro de rua multidisciplinar.

Em 2014, a Queima do Judas acontece no Sábado dia 19 de Abril.